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Diferente aos normais, perfeito aos futuristas

La Roux, cantora inglesa



Sim, eu sou bizarro. Me inspiro em pessoas estranhas pra me tornar estranho. Sou totalmente diferente dessas pessoas que acham que o mundo deve ser do jeito que a sociedade impõe. O pior de tudo é que quando alguém assim aparece é taxado como louco. Se os loucos forem todos assim, diferentes dessa perspectiva idêntica que todos tem, eu quero sim ser louco. Ser mal compreendido, ser anormal. Quebrar com cores a opacidade que este mundo sem graça se encontra. Deixar de lado o que parece ser perfeito e pecar na mente dos outros, de forma que eles nunca me esqueçam.




Beijos, remetente.

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2 minutes, please ?


Sabe o que eu queria mesmo ?

Eu queria calar minha mente.

Deixá-la muda e ficar surdo por pelo menos 2 minutos.

Eu quero aquele silêncio profundo, que chega a ser ruim de tão calado, para fugir desse mundo estressante e turbulento. Deixar meu pensamento vagar por um lugar lindo, cheio de folhas outonais cobrindo o chão como um tapete ocre.

Tudo isso sem um pio, um cair de gota, um trancar de chave na fechadura.

Às vezes o silêncio da madrugada me reconforta, parece até que é a única hora em que as pessoas pensam juntas. Dormindo todos querem só uma coisa : descansar.

É disso que eu estou precisando: descansar. Não descansar de deitar e relaxar mo corpo, mas descansar a mente, o coração, a língua, os olhos, o ego.


Beijos

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A dupla personalidade age, o lado feminino grita !


É que nos últimos dias estou com vontade de ficar sozinha em casa. Quando a casa fica muda e me sinto completamente "alone" posso fazer o que quero : ouvir minhas músicas, descolorir, limpar a pele, hidratar os cabelos, e depois de um banho totalmente renovador, secar o corpo ao ar livre. Desprovida da visão alheia da forma mais obcena possível.

É muito interessante o que fazemos quando estamos sozinhos. Esquecemos o mundo e libertamos o nosso 'eu' que a sociedade não vê. Cantar, dançar, gritar, correr, pular, pecar. Tudo isso faz parte das loucuras pessoais de cada um. E depois ainda nos perguntamos : " - Eu fiz isso ? " Como se fossem duas pessoas num só corpo.

É inexplicávelmente estranho. Tudo forma um grande quebra-cabeças de esquisitices e manias. Incontroláveis, impulsivas, indiscutíveis.


Beeijos

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Não sei o nome, só sei que sinto.


Eu só sei que lá no fundo eu só consigo ficar feliz. Outro sentimento não está se encaixando em minha vida. Como se eu nunca mais fosse mudar de estado.

É tão engraçado o quanto coisas tão fúteis nos fazem tão alegres, mas alguns deles nos deixam felizes momentâneamente, mas este não, ele me deixa feliz constantemente. Flui dentro de mim, e a única sensação que existe é a típica "borboletas no estômago".

Estou vendo graça em tudo, rindo de tudo, até nas horas tristes. Parece que a tristeza não me afeta mais. E tudo isso vem de onde ? Sinceramente não sei, o que eu sei é que está tão bom que eu não quero sair disso, deixar isso. O sentimento inomeável ficará aqui por tempo indeterminado. Imprevisivelmente inapto de mudanças.

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Gestos simples, salários grandes


É tão engraçado o quanto a presença de um amigo que nos entretêm, nos faz bem. Minhas amizades podem não ser as melhores, mas são as melhores pra mim. Nem que seja andar numa avenida popular, um shopping ou até a própria casa. Amo muito tudo isso.

Kisses, remetente.

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Minimalista ²




Eu olhava em volta e era só eu.


Eu, o vento frio ( mas muito aconchegante ) e a luz amarelada do poste.


Rente ao lago, a plaquinha escrita " proibido entrar no lago " nunca foi respeitada e isso sempre me fez rir.


É tão estranho o quanto o reflexo da luz amarela na água negra é lindo. A movimentação da água transforma o reflexo em milhões de feixes de luz.


E o som da água mansa encostando nas pedras é como uma canção de ninar : leve e calma.


Sempre fui muito detalista, daqueles que consegue ver à fundo o que muitos acham bonito. Me comunico com o íntimo, o âmago da beleza e deixo que ela fale por si. É a minha forma de valorizar o que está à nossa volta.


Fico tão feliz por ser como sou, que se tivesse o dom da escolha não mudaria por nada.


Sou como uma roda d'água que só gira por estímulo. Por causa da água. Água negra de um lado calmo.




Beijos molhados , remetente.

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Thirty


Eu e minha professora, caminhando numa pista de tijolos multicoloridos num fim de tarde.

Conversávamos sobre tudo, comentávamos frases de placas, ríamos dos outros tomando banho em locais proibidos, inxiríamos nas opções alheias, confundíamos o próximo. Tudo isso com um ar de felicidade inexplicável.

Depois de terminar o percurso pré-estabelecido, íamos embora em direção à subida, quando uma só frase - dita em tom de glória - nos chamou atenção :


- Foi só eu chegar. Passou meia hora ele morreu !


Corremos feito desvairados, gargalhando e temendo a presença incômoda que matava em trinta minutos. Cada um seguiu seu rumo e o dia terminou alegre como nenhum outro terminara.

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Badnight


Acordei ainda suado, sentindo a presença daquilo que me apavorava no meu sonho ruim. Fiquei fitando o nada enquanto a respiração ainda não tinha se estabilizado.

Eu corria dele, e ele estava tão perto de mim que eu podia sentir sua respiração em minha nuca. Não era uma respiração de quem estava cansado, mas de quem estava com ódio. Ódio verdadeiro. Parecia até que ele nunca iria astear a bandeira branca.

Comecei a diminuir o passo de tanto correr e quando ele me abraçou pude sentir as garras rasgando minha pele.

Só aí pude abrir os olhos e ficar pasmo de terror.

Levantei-me e fui tomar café às 4:00 da manhã, pois não iria dormir tão cedo.


Abraços, remetente.

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Confessions




Eu um dia disse que nunca escreveria sobre o amor.


Mas menti pra mim, pois é ele que me faz levantar.


Amor, eu sei como é estar no fundo.


Estar machucado e só você poder ver as cicatrizes.


Você sabe que eu nunca irei sair do seu caminho.


Você sangra e eu tenho curativos.


Como você ainda não pensa em mim pra estar ao seu lado ?


Se o meu amor está mais vivo que fogo em brasa.






Beijos, remetente.

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Descontração ancestral


Caminhar, isso sim é bom. Deixar de lado as coisas que nos preocupam por um bom tempo, pra olhar os tijolos da pista de cooper. Refletir sobre como você irá colocar o abajour no criado - mudo, o que você fará com aqueles balangandãs que estão lotando seu guarda-roupas. Não é nada moderno. É caminhar. Um ato tão antigo que faz a diferença. Lava a alma, limpa a mente, molha o corpo.


Beijos, remetente.

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O nome é a marca


Lista de compras da mulher goiana:


* Arroz

* Feijão

* Bombril

* Missim miojo

* Kolinos

* Gillete

* Ki-boa

* Arisco

* Tang

* Toddy

* Veja

* Leite Ninho

* Mussilon

* Sustagem

* Farinha láctea

* Pó Royal

* Chá Matte

* Tekitos

* Danoninho

* Yakulte/Chamito

* Coca-Cola

* Nescafé

* Sazon/ Caldo Knorr

* Ruffles

* Sucrilhos

* Passatempo

* Dotorzinho

* Amacihair

* Sundown

* Açúcar

* Sal

* Skol/Skin


[...]


- e assim a lista continua com o nome da marca e não dos produtos.

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Parque da contradição


É tão estranho o quanto os "parques de diversão" não trazem diversão. O que eles mais prezam e se focam nunca acontece. Você pode notar :


* TODOS, sim eu disse todos, os atendentes do parque são mal-humorados e não abrem nenhum sorriso.

* Os mais bonitos cavalos do carrossel estão estragados.

* Na maioria das vezes os parques são armados em cima de brita ou terra pura, impregnando sujeira na roupa.

* Os banheiros são lugares totalmente porcos - é óbvio que não precisam ser perfeitos, mas educação cabe em qualquer lugar, ainda mais em um local onde o público - foco são estudantes.

* O túnel do amor não tem amor.

* Os melhores carros do bate-bate estão com defeito, e os mais bonitos não correm o suficiente.

* Os "jogos" são um farsa e você nunca consegue o urso de pelúcia grande.

* Toda vez que você vai no parque algum brinquedo estragou por conta da chuva, ou às vezes nem chegou.

* As pessoas não gritam, pois acham que vão pagar mico, portanto quem está de fora não tem a mínima vontade de entrar.

* Os palhaços e animadores são fracassados com cicatrizes e tatuagens de cadeia, pois se fossem bem sucedidos estarim pelo menos na gerência do parque.

* A casa de horrores/trem fantasma não oferece seu papel principal.

* As pessoas vomitam, e quem não vomita volta pra casa com fome pois não comeu pra não vomitar.

* Você perde moedas e outros objetos nos brinquedos que te viram de cabeça para baixo.

* O tempo que você fica na fila da montanha russa nunca compensa pelo tempo que você fica no brinquedo.

* As músicas que tocam no parque são tristes e melódicas.


E pra não dizer que não vejo nada de aproveitável nos parques :


* Você pode guardar a pulseirinha de identificação como lembrança.

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Promessa é mesmo dívida ?


Já notou que a promessa " amar e respeitar " não está sendo cumprida ?

Os casamentos na maioria das vezes são mal sucedidos e parece que as pessoas só se casam para ter alguém a quem maltratar, pois até o sexo se torna monótono - estou citando casais onde o amor não existe. Acho que isso já ocorria antigamente, só não existe prova concreta.

O que eu acho mais engraçado é que as pessoas vêem necessidade em se casar entre os vinte e os trinta anos, pois acham que não vão encontrar mais ninguém depois deste tempo pré -determinado.

Os "deselogios" são tão frequentes que se tornam normais para serem ditos na frente de outras pessoas e isso prova que essas pessoas assumiram um compromisso desse tão precocemente por puro afeto pessoal.

Na verdade a promessa que o padre pede para ser repetida só é lembrada pelo próprio, e mesmo assim por pura repetição, pois nem ele pode se casar.


Beijos e abraços, remetente.

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Contra o tempo


Quando ele me chamou para conversar eu já soube sobre o que era. Era sobre aquilo. Sentamos à margem do lago - parece que reflexões e conversas só acontecem perto dele, pois a paisagem linda e exuberante traz tranquilidade e serenidade, independente do quão assustador o assunto possa ser - e a luz do sol estava tão forte que incomodava na pele. Começamos a conversar e pude notar que o vento mudara, ficara um pouco mais forte.


O desenrolar do assunto se baseou em atitudes que muitos consideram errôneas mas que para mim são tão naturais e decididas que se tornaram perfeitamente certas. Apesar de ser um assunto ruim de ser comentado aquela conversa estava me fazendo bem, e tudo o que eu fazia era concordar.


Depois de vinte minutos de conversa o outro tio chegou e o assunto infelizmente permaneceu. O tempo foi mudando e agora os raios já estavam escondidos por causa das nuvens cinzas. Cada vez que eles aprofundavam o dedo na ferida e a dor se tornava mais forte o tempo nublava mais. Um deles foi embora e os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Aquilo não nos incomodou, mas as pessoas que estavam à nossa volta já estavam apertando o passo para fugir da suposta tempestade. Eu sabia que não iria chover muito, pois eu olhava em volta e num raio de dois quilômetros podia-se ver os mesmos raios de sol que estavam me incomodando no começo. Foi como se o mundo não quisesse que aquela discussão acontecesse.


Os pingos de chuva martelavam com mais intensidade e depois podia-se notar que a chuva já começara, então andamos em direção a um abrigo.


Quando nos despedimos e a conversa definitivamente anunciara seu término, eu me desloquei para fora do abrigo com um pouco de receio, pois iria me molhar. Por incrível que pareça, quando dei meu primeiro passo em direção ao tempo ruim o sol apareceu e a chuva começou a cessar, comprovando minha hipótese de que aquilo era desnecessário, pois tudo o que foi falado eu já tinha consciência.


" Não sei até que ponto a ignorância do mundo vai poder chegar, mas se ela se agravar não vou querer estar vivo para presenciar o holocausto. "




Com amor, remetente.

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Antropocentrismo passageiro


Depois de me apontarem e me acusarem de coisas tão ruins - pessoas que são próximas a mim - foi que eu notei o quão posso estar sozinho. As decisões que nos incumbem de ter são tão pesadas e ao mesmo tempo tão necessárias que é preferível fingir que elas não existem, porém deixá-las de lado só aumentam o tempo da tortura de remexê-las.

Em um momento de reflexão, me sentei em frente ao lago perto de casa. O vento e as ondas do lago pareciam me acariciar emocionalmente, pois todos se dirigiam em minha direção. Aquela inexplicável e insubstituível paisagem de alguma forma me fez sentir como se eu fosse o centro do mundo naquele momento e que alguém em algum lugar me esperava de braços abertos pelo o que eu realmente sou.

Eu gosto de desafios, mas agradar quem não te entende é tão difícil que foi um desafio que eu preferi esquecer. A opinião alheia se foca tanto na sua vida, que perde o foco da dela e isto nunca foi bom.

" Querer o bem do próximo é bom, mas interferir nas escolhas dele só prova que a desordem pessoal foi deixada de lado para não ocupar tanto tempo, por isso se esquecem da própria existência. "


Abraços, remetente.

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O ponto final


Era comum eu ir descansar da turbulência do meu mundo na lanchonete perto de casa. O melhor suco de laranja era o de lá. Como de costume, pedi um suco e fiquei observando a rua pelo vidro quase imperceptível, e como era de costume ela estava lá. Sentada no ponto de ônibus com um olhar perdido. Todas as vezes que eu ia na lanchonete eu a via, e todas as pessoas que ficavam no ponto subiam em algum ônibus, mas ela não. Quando a noite começava a cair ela se levantava vagarosamente - como se ainda esperasse alguma coisa - e ia embora com uma cara de decepção. Um dia cheguei mais cedo e pedi o de sempre. Ela virou a esquina e eu não pensei dua vezes : peguei o suco e atravessei a rua para me sentar no ponto. Ela se sentou ao meu lado e depois de alguns minutos perguntei :


- Não pude deixar de notar que todos os dias você chega no mesmo horário e vai embora algumas horas depois. Se não for incômodo responder, porque você faz isso ?


Sem olhar para mim ela suspirou algumas vezes e pude notar que ela fechou os olhos e com a mesma postura começou a falar :


- Quando eu tinha nove anos minha mãe e eu estávamos neste mesmo ponto de ônibus e ela me disse que das 4:00 da tarde às 6:00 da noite um ônibus especial pode passar, e que ele é diferente dos outros pois o nome dele é felicidade. Ela me disse que tudo nele é bom e que os assentos são coloridos, mas não repetem as cores. Ela também falou que quem entra nele nunca mais sai, pois não existe nada melhor do que conseguir apanhá-lo.

Depois de dizer isso minha mãe entrou em um ônibus e me deixou aqui. Não pude notar qual ônibus era, pois estava confusa por conta do seu ato. Acho que era o felicidade mesmo, pois ela deixou sua filha por conta da viagem, não é mesmo ?


Minha garganta, ainda engasgada, só pode responder um simples e curto : - Sim !


Ela continuou : - Agora, todos os dias eu espero o felicidade, mas presto atenção nos detalhes de todos os ônibus e até nos passageiros, pois às vezes ele pode vir disfarçado para só o pegar quem o conhece. Até hoje não o achei, mas sei que quando pegá-lo poderei ver minha mãe.


O relógio dela apitou e levantando rápido ela me disse : - Bom, já deu meu horário, amanhã eu volto na mesma hora. Ok ?


Quando ela se virou para me dar um sorriso, pude ver que ela era cega. Foi aí que intendi que a felicidade só aparece para aqueles que enchergam a vida de uma forma melhor, positiva.

Me despedi e fui embora sem terminar o suco que ficou no banco esperando um ônibus qualquer.


Abraços, remetente.

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Um dia bom


Eu sempre gostei das sextas-feiras, porque além de ser o primeiro dia do final de semana eu ainda via meu pai me trazer o dinheiro semanal. Não por causa do dinheiro, mas pela presença dele. A moto fazia um barulho inconfundível de forma que eu a escutava quando ela ainda estava na esquina. E acho que era pra eu ter certeza, que ele deixava a moto quase morrer e depois acelerava de uma vez enquanto dobrava a esquina, fazendo aquele "vrum" que eu sempre amei.

A visita durava apenas alguns segundos, que era o tempo dele abrir a carteira e fazer reluzir no meu rosto o briho do distintivo bem polido. Nesses dias nunca chovia, o sol permanecia forte. Parece até que era um dia especial na cidade, apesar de sempre ser pra mim. Enquanto ele procurava as notas certas eu sempre analizava o adesivo de brasão - que eu achava um máximo - colado no tanque vermelho, surrado pelo tempo e que cada vez mais se desfazia. Ele me entregava o dinheiro mas eu nunca pude ver emoção nos olhos dele, pois estes eram sempre cobertos por um Ray-Ban original não muito bonito, mas que com o tempo se adequou à pessoa dele.

Eu nunca consegui vê-lo indo embora, pois me dava uma tristeza profunda e eu sempre achei que a culpa da separação foi minha. Mas isso não vem ao caso.

Eu sei que por trás daquela imagem inabalável o pai de verdade estava escondido com um pouco de vergonha. Nunca o culpei por isso, e nem posso, afinal ele é o meu pai.


Abraços, remetente.

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Azul profundo




Depois de entrar na livraria e passar por toda sessão de exoterismo ela se dirigia aos clássicos para ver o que encontrava, foi aí que ela o viu. Ele estava concentrado no jornal que lia, enquanto o capuccino fumegava em cima da mesinha prateada. Apesar do estilo social de se vestir, ele tinha um cabelo desgrenhado que fazia parte do seu charme. Ela começou a desfilar dentre as preteleiras para que ele a notasse, mas não estava obtendo resultado.


Ele teve que tirar o jornal da frente de sua face para olhar onde estava a caneca de capuccino e esta foi a sua deixa : de forma proposital e teatral, ela deixou um exemplar de Odisséia cair no chão, fazendo um barulho inexplicável e foi quando ele a olhou. Naquele momento os classificados perderam totalmente a graça, e ele começou a segui-la com os olhos enquando ela fingia desinteresse. Ele notou isso, pois ela não conseguia desviar o olhar dele. Nesse meio tempo os atos já não tinham tanta atenção e as mãos dele agiam sem coordenação. Ele esbarrou na caneca, que girou algumas vezes antes de derramar o líquido quente no terno azul profundo.


Ela saiu rindo da loja enquanto ele saltitava e gritava por guardanapos. Estava consciente de que não iria vê-lo novamente, mas foi um momento divertido. A partir daquele dia ela nunca mais deixou de ir em uma livraria.




Beijos, remetente.

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