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Sophia, hoje você irá ler uma história em forma de metáfora. Se divirta tentando descobrir ao que se refere, pelo o que você já leu de mim. Boa leitura.



A recíproca não é verdadeira

Ela era uma mulher que vivia para ele. Fazia comida, lavava, passava... como uma boa parceira.
Talvez ela o amasse demais. Talvez o erro dela foi colocá-lo em sua vida quando ele nem sabia sair da própria vida.
Enquanto ele não chegava, ela sempre lia algum livro no sofá, ao lado do abajour que ficava no criado mudo. A sala escura, com um clima sombrio talvez, era o que a confortava enquanto ele ainda estava para chegar. A comida já estava pronta à horas e ele não comparecia.
A cama já estava feita, para que os dois pudessem assistir algo juntos antes de dormir.
Ela ficava à tanto tempo naquele lugar, que já fazia parte daquele local. Já era um abajour, que ligava e desligava sua luz quando ele quisesse. Se fosse para defini-la como alguma parte da casa, certamente seria esta. 
Ele sempre ligava dizendo que iria chegar depois das três, porque iria passar em algum bar com amigos, ou porque iria trabalhar até mais tarde. Chegava tarde, saia cedo. Sempre.
Ela era sempre esperançosa, amável e prestativa. Como um cãozinho adestrado que queria proteger seu “dono”. Ela achava que devia protegê-lo de tudo: de dores emocionais e físicas – sempre disposta a fazer uma massagem relaxante quando necessário -, de problemas de casa – que ela fazia questão de não preocupá-lo com coisas que ele dizia serem “fúteis demais”.
Assim se passaram meses: ela esperava, ele não chegava. E quando chegava cedo, queria dormir rápido. Nem comia, pois já tinha comprado algo pra comer na rua.
Um dia ele marcou de ir vê-la mais cedo, era aniversário de namoro. Ela tinha feito uma sobremesa especial, já que ele iria comer pizza. Ele amava pizza.
Resolveu ler seu livro enquanto o esperava. Acendeu a luz do abajour, e se deitou no sofá que já tinha o formato de seu corpo.
Ela olhava para o relógio impaciente, depois de meia hora de atraso.
“- Onde ele está? Ele falou que iria chegar às onze.”
(...)
Já eram  duas da manhã e ele ainda não tinha chegado. Não havia sms, nem chamadas não atendidas.
Duas e meia e nada dele.
Duas e quarenta e cinco chega um sms dizendo: Vou chegar logo, me espere.
Ela resolveu esquentar a sobremesa, já que ele poderia ficar chateado com a comida fria.
Três e meia da manhã e ele ainda não havia chegado. Ela já havia chorado algumas vezes, pensado em muitas coisas de sua vida.
Quatro horas, e ela já estava no final do livro.
Ele não havia aparecido, e parecia que não se importava.
Cansada de esperar, a mulher abajour então desligou sua lâmpada.

Depois que ele viu o que perdeu,enquanto a mulher abajour gritava por sua presença, toda a dor voltou. Ela apenas desligou seus sentimentos. Apenas apagou sua lâmpada. Já ele, ficou no escuro, pois toda a luz que irradiava dela o alimentava.

Beijos, remetente.

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