Dizem que quando se deixa alguém ir, ou quando a ida de
alguém te machuca, uma parte de você morre. Não estou falando somente de morte
de parentes, falo também de abandonos causados por outras pessoas que continuam
vivas.
Eu penso que já fui muito machucado nesta vida por pessoas
que infelizmente não me deram valor, ou pessoas que realmente não eram feitas
para mim. Muitas delas não eram.
Se cada vez que fui machucado, alguma parte de mim morreu,
tenho certeza que foi meu coração. Meu coração morreu algumas vezes por pessoas
que não souberam me deixar, e assim, abriram um buraco que ainda pulsa de forma
dolorida cada vez que lembro delas.
Pessoas que talvez nem lembram da minha existência, mas que
por algum tempo, não saíram da minha mente.
Há uma tradição no Japão que me intriga com frequência, toda
vez que lembro: Eles acendem lanternas quando estão de luto, para que elas voem
e levem com elas todo aquele passado. Deixando para trás tudo o que lhes
machucaram. Estava pensando em comprar lanternas japonesas e entrar de luto por
cada parte do meu coração que foi morta por pessoas que continuam vivas.
Engraçado, não? Talvez seja a única forma de deixar para trás tudo o que aconteceu.
Recentemente, mais uma parte do meu coração secou. Uma
traição que veio de onde eu não esperava. Uma traição feita por alguém que eu
não esperava. Se eu comprar as lanternas, o nome dessa pessoa não será citado
na hora de acendê-la, mas sim a atitude dela. Uma pessoa que amo traiu minha
confiança e me deixou aqui, sem saber o que fazer em relação à ela. Sendo que
vejo que cada passo que ela dá, é para o bem dela, e não pelo meu. As
circunstâncias não mudaram.
Eu já previa o que anda acontecendo nas minhas costas,
porque já tinha visto algo parecido vindo desta pessoa. Eu tive certeza de tudo
quando olhei nos olhos dela, fiz a pergunta, e ela não soube mentir.
Mas enfim, se eu comprar as lanternas, vou nomeá-las. Vou
falar o nome de cada um que já me deu as costas de uma forma fatal. Menos uma
delas, que será enviada aos céus por culpa de uma atitude.
Obrigado por me escutar, Sophia. Estava engasgado e me
lembrei que minha confidente sempre está aqui para me confortar de forma
indireta. Uma presença indireta que às vezes faz mais diferença do que quem
convive comigo.
Um beijo, seu único remetente.







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