- Oi, mamãe. Tudo bem?
- Tudo, meu filho. Não vou nem perguntar se você está bem, já
sei a resposta.
- Pois é, nem preciso falar nada né?
- Faz tempo que eu queria conversar sobre isso com você.
Você está sofrendo por coisas do seu coração, não é?
- Ahã.
- Notei isso em você quando você desligou o telefone e ficou
angustiado. Você não é assim. Quando você ficava chateado, você ficava nervoso.
Hoje em dia você fica calado, mudo. Não fala nada, apenas pensando e se
torturando. Você tem que se amar mais, meu filho.
- Eu sei.
- Meu filho, o amor não causa angústia. Ele não faz você
sofrer, não te faz triste. O amor causa alegria, não dependência. Você deve
partilhar sua vida com outra pessoa, não viver somente a dela.
- Entendo.
- Nem ficar irritado você fica mais. Não tenho imagens de
você assim. Você sempre foi forte, decidido, talvez até demais. Você chegava a
ser amargo com as pessoas. Seu lado amargo deve ser usado com pessoas que não
merecem seu amor.
- Uhum.
- Você está meio decaído, sem ânimo. Quando eu passava por
coisas iguais as que você está passando agora... quando eu ficava abalada com
alguma coisa.. quanto mais triste eu estava, mais bonita eu queria ficar. Você
tem que se preocupar com você, não parar sua vida pelos outros. Tenho certeza
que ninguém parou a vida por você ainda. Estou errada?
- Não.
- Então. Seu mundo anda tão escuro que o dia e a noite se
igualaram para você. Você dorme às 6 da manhã e acorda às 6 da tarde. Fica
escutando música , calado.
- Entendo.
- E, pra terminar, notei que você se mudou totalmente. Tem
algum motivo pra isso?
- Sim, estava cansado de mim.
- Você não pode se cansar de você. Se a convivência com você mesmo está ruim,
você não conseguirá suportar ninguém além de você mesmo. Você não deve mudar
por ninguém, Gustavo.
- Ok.
- Amanhã você vem pra casa?
- Vou sim.
- Ok, então. Boa festa. Te amo.
- Também te amo, mamãe.
- Fique com Deus, tchau.
- Tchau.
Beijos, remetente.
Beijos, remetente.







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