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Essa música, sem dúvida é a mais nostálgica que existe pra mim.
Quando eu tinha cerca de 9 anos, lembro que minha mãe colocava a rádio Executiva. Uma rádio local muito conceituada aqui em Goiânia, por passar músicas lindas e com um exímio gosto musical.
Como era sempre à noite, as músicas sempre eram românticas e melódicas... músicas que tocavam fundo, com um "quê" de depressivas.
À noite, quando ela ia se arrumar para sair, lembro até mesmo do cheiro do perfume que ela borrifava, quando essa música toca.
Lembro-me de chorar várias vezes pedindo que ela ficasse, ou que ela me deixasse ir com ela.
Como não tive um pai presente, morávamos eu e minha mãe somente, quando ela me deixava para sair para o seu "programa de adultos", eu sempre ficava muito triste com sua deixa.
A casa não tinha sentido, quando ela não estava, não tinha mais a cara da nossa casa.
Ela colocava um jeans azul profundo apertado, e com aquele corpo maravilhoso... Um corpo feminino e atraente.
Ela usava sempre alguma coisa decotada, com cores vibrantes e marcantes, como o vermelho: a cor preferida dela.
Do escarlate ao vinho, ela se desdobrava naquele degradê de cores em seu guarda roupas pra poder escolher o tom exato que a definia naquela noite.
Eu ficava sentado na cama, observando a minha simples mãe se transformar em uma bela mulher com aquelas poucas peças, e me perguntava: Porque ela não é assim o dia todo?
Ela usava uma fragrância específica: Animale.
Aquele perfume sempre foi a cara dela. Ele a definia.
O barulho do salto alto apressado na casa, procurando sempre por algo que pudesse colocar na bolsa. Algo útil. Cheguei um dia a pensar se eu caberia dentro daquela bolsa. Se eu poderia acompanhá-la dentro daquele objeto tão importante pra ela.
Eu nunca coube. Eu nunca fui.
Enquanto eu ficava em casa, ela ia se divertir.
Eu a amo, e eu sempre vou amá-la. Sempre.
Minha mãe, meu ídolo particular.
Eu não entendia na época, mas hoje eu vejo que meu sacrifício era apenas um pagamento por tudo o que ela lutou por mim. Por ela ter conseguido ter feito quem sou hoje, sozinha.
Sozinha, da mesma forma que eu ficava quando ela saia.
Beijos, remetente.








